Devo sair da zona de conforto mesmo?
GERAL
Tania Raposo
9/17/20243 min ler


Devo sair da zona de conforto mesmo?
Dando “spoiler” logo na primeira frase, a resposta ao título é não! Mas existe uma explicação coerente para essa colocação.
Quando fazemos tal afirmação a nós mesmos ou a outras pessoas, a intenção é produzir no ouvinte um estímulo ao movimento, dar um incentivo para que a pessoa saia de um estado de inércia ou procrastinação, a uma nova postura de avanço, ousadia e conquista.
Tem-se a ideia de que a pessoa esteja estagnada numa conquista passada. A sensação é de que o sujeito tenha lutado tanto para estar na situação em que se encontra, que acabou se “acostumando” àquele estado, exatamente por sentir-se confortável com o que conseguiu alcançar e isso fez com que perdesse o interesse em novas conquistas, bem como a antiga “veia” de ousadia que o movia.
A intenção ao dizermos “sair da zona de conforto”, diante do que foi posto, é boa. Trata-se de uma fala motivacional - uns aos outros e a nós mesmos. Um estímulo ao avanço, a não nos fixarmos ao local em que chegamos, mas sempre manter em nós a chama da conquista acesa.
Quanto a isso não vejo problema algum. De fato, nós como seres humanos, somos dotados de uma capacidade de avançarmos, de conquistarmos, de nos “redescobrirmos” e de nos “ressignificarmos. Como diria Carl Rogers, pai da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), todas as pessoas possuem em si mesmas uma ‘tendência atualizante’. O que seria isso? Trata-se de uma tendência à organizar-se, a ressignificar-se, a evoluir-se. Então, estimular tal tendência, de forma sadia, é algo proveitoso a todos nós.
O problema com essa expressão recai sobre a visão equivocada que temos do processo de avanço, do movimento em direção à conquista. Penso que quanto mais prazeroso, leve e feliz for o nosso processo de avanço, melhor dizendo, de uma conquista em direção a outra, mais CONFORTÁVEIS nos sentiremos em avançar, mais confortáveis estaremos para nos movimentarmos sem medos ou inseguranças. Não há, absolutamente, nenhum problema, em nos sentirmos e estarmos confortáveis em tudo o que fazemos e em todo processo de mudanças e caminhada em direção à novas conquistas.
Quem disse que devemos deixar o conforto, a alegria, o prazer e a leveza para alcançarmos novos patamares? Ao dizermos “deixar a zona de conforto”, estamos dizendo para deixar todos esses elementos para trás também, porque, um “lugar de conforto”, engloba alegria, prazer e leveza…
Por que nos infligimos a ideia de que o movimento de irmos em busca de objetivos melhores, deva ser uma jornada desconfortável?
A própria ideia de novas conquistas já deveria ser tão confortável à nossa mente que, por si só, fosse suficiente para nos fazer “migrar” de um estado a outro sem medo ou angústia do processo.
Não apenas a glória do objetivo alcançado deveria ser um lugar de conforto, mas todo o processo que nos leva até lá deveria ser, igualmente, confortável. A melhor motivação para novos patamares deveria ser proporcionar a nós mesmos estratégias facilitadoras e seguras nesse processo de avanço.
Essas estratégias podem e devem ser bem objetivas e práticas. Podemos planejar ações que nos agradam durante todo o percurso. Por exemplo, se o objetivo for capacitação profissional para uma almejada promoção, mas o estudo em si for algo extremamente difícil para a pessoa em questão, algo que ela realmente não goste de fazer, poderia utilizar como estratégia facilitadora, buscar cursos com profissionais renomados, que tenham uma excelente oratória tornando o processo menos pesado, cursos de capacitação em horários flexíveis e talvez propor um grupo de estudos com pessoas que tenham objetivos semelhantes para tornar o processo mais prazeroso. Quando o objetivo for, por exemplo, proporcionar mais qualidade de vida e o exercício físico for algo que a pessoa realmente não se identifique, é possível buscar por companhias agradáveis que possam te acompanhar no treino da academia ou em caminhadas em lugares igualmente agradáveis num cair da tarde. Ainda outro exemplo, quando o objetivo for passar mais tempo com a família e melhorar as relações familiares, pode-se planejar ações simples, sem muitos gastos, mas que propiciem lazer, diálogo e interação, como um picnic na praça, por exemplo.
Enfim, para todo o propósito que represente um novo patamar, por mais difícil que pareça atingi-lo, criando estratégias criativas e inteligentes, podemos tornar o processo até ele tão confortável ou seguro quanto o lugar primário que nos encontramos e que nos dão essas sensações.
Assim, penso que realmente não precisamos sentir-nos desconfortáveis, tristes ou pesados quando nos movimentamos em direção a uma nova conquista, podemos, ao contrário, levar o conforto conosco em todo o processo de mudança. Basta sermos estrategicamente criativos.
Como psicóloga posso te ajudar a tornar seu movimento rumo a novas conquistas e mudanças, mantendo o conforto, a alegria e a leveza em todo o processo. Agende sua consulta.